Através de composições pictóricas vívidas, a pintura de Luísa Matsushita percorre um caminho em direção ao mínimo e ao elementar. Com um trabalho de cor preciso, explora as relações presentes nas fronteiras entre uma camada tonal e outra, capazes de conferir individualidade a cada uma de suas obras. Em sua prática, a pintura realiza-se na medida em que apresenta-se ao mundo como uma entidade autônoma, quase personificada, e imbuída de senso de humor.

 

Constantemente voltado para fragmentos de realidade do cotidiano, seu olhar busca distender a visualidade de elementos triviais. Para Matsushita, pintar revela-se como um ato de urgência e coragem, resultante do ímpeto de criar algo íntimo, cotidiano, protegido. Assim, através de movimentos gestuais, seu arquipélago de composições pode referir-se, ainda, ao retrato de uma morada, imaginando maneiras de habitar, imaginativamente, a propriedade de cada cor.

 

Com uma trajetória multidisciplinar e autodidata, Luísa Matsushita é artista visual e musicista. Vem desenvolvendo sua prática pictórica desde 2013 e atualmente vive e trabalha em São Paulo. É membra fundadora da banda feminista Cansei de Ser Sexy, que revolucionou a cena indie pop nacional no início dos anos 2000. Em seu trabalho musical, colaborou com nomes como Bobby Gillespie (Primal Scream), David Sitek (TV on the Radio), Kavinsky, entre outros. 


Depois de mais de uma década apresentando-se em turnês pelo mundo todo, dedicou-se, a partir de 2014, ao estudo e à prática de bioconstrução, de permacultura e à Earthship Biotecture, aprofundando seu conhecimento em agroecologia por meio de uma série de experiências nos Estados Unidos e na América Latina. Seu aprendizado com a natureza possibilitou que Matsushita desenvolvesse, em 2018, sua própria casa-um Barraco ecológico-, utilizando-se de tecnologias sustentáveis. Transformando-o em um projeto de vida, a artista conectou todas as suas pesquisas em um único lugar, espacializando sua pintura em paredes, portões e móveis internos.

 

Dentre suas exposições individuais recentes destacam-se: Se não for pra chorar, eu nem saio de casa, Galeria Luisa Strina, São Paulo, Brasil (2023); ELA, Galerie L'Amazonie, Manaus, AM (2015); e Animal, Percy Gallery, Oakland, EUA (2014). Em 2015, participou do acompanhamento em pintura de Rodolpho Parigi e Regina Parra e integrou, no mesmo ano, a residência artística Igarapé do Mariano (Galerie L'Amazonie, Manaus, AM), em que aprofundou sua pesquisa sobre o meio ambiente.